Lógica

A lógica é uma disciplina filosófica que estuda as condições de validade dos enunciados, os quais são formas de raciocínio. Por sua vez, a lógica estuda os procedimentos de dedução, indução e demonstração, e ainda os critérios de verdade e veracidade.

A lógica se aplica em diferentes ciências para determinar como devem ser os raciocínios que permitem construir conhecimento válido, já que esta disciplina estabelece se os argumentos de uma hipótese são corretos e se sua conclusão é uma consequência lógica das premissas.

Também existem ciências que desenvolveram suas próprias lógicas. Por exemplo, a lógica matemática, que utiliza uma linguagem simbólica para estudar a validade de raciocínios e proposições e que se emprega em matemática e em outras áreas e a lógica computacional, que aplica a lógica matemática para a análise e a elaboração de linguagens informáticas e a programação.

Raciocínios da lógica: dedução e indução

Os raciocínios são argumentos utilizados com o objetivo de demonstrar ou refutar uma ideia e que são compostos por:

  • Uma ou várias premissas. São proposições que afirmam ou negam algo.
  • Uma conclusão. É a proposição que deriva das premissas.

Entre as premissas e a conclusão há uma relação de inferência, já que de uma ou de várias premissas se desprende uma conclusão. Existem diferentes tipos de inferência, mas as mais comuns são:

  • Dedução. Parte-se de premissas, que são generalizações, para chegar a uma conclusão, que é a explicação de um caso particular. A veracidade das premissas garante a veracidade da conclusão. Por exemplo:
    • Todos os seres humanos respiram. (premissa 1)
    • Pedro é humano. (premissa 2)
    • Pedro respira. (conclusão)
  • Indução. Parte-se de premissas que são proposições sobre casos particulares, para chegar a uma conclusão, que é uma generalização. A veracidade das premissas não garante a veracidade da conclusão, apenas estabelece que é provável. Por exemplo:
    • Cada vez que chove o cachorro late. (premissa 1)
    • O cachorro late. (premissa 2)
    • Portanto, chove. (conclusão)

A lógica estabelece que um raciocínio dedutivo só é sólido ou contundente quando é considerado:

  • Válido. Se a conclusão é uma consequência lógica das premissas, o raciocínio é válido. Do contrário, é falaz.
  • Verdadeiro. Se as premissas são verdadeiras, a conclusão também é, portanto, todo o raciocínio é verdadeiro.

Exemplos de lógica

Exemplos de teoria lógica

  1. Na lógica simbólica se sustenta que se uma proposição (p) é verdadeira e outra proposição (q) é verdadeira também, todo o enunciado de conjunção (p • q) é verdadeiro.
  1. Na lógica simbólica, sustenta-se que se uma das duas proposições é falsa, todo o enunciado de conjunção é falso. Por isso, se p é verdadeira e q é falsa, então p•q é falso.
  1. Segundo a lógica simbólica, considera-se falsa a negação (que se indica com o símbolo ) de um enunciado verdadeiro (se p é verdadeiro, então p é falso) e verdadeira a negação de um enunciado falso (se q é falso, então ˜q é verdadeiro).
  1. De acordo com a lógica simbólica, uma disjunção exclusiva (p ⊕ q) é falsa se os dois enunciados, p e q, são verdadeiros.
  1. Segundo a lógica simbólica, uma disjunção exclusiva (p ⊕ q) é verdadeira se um de seus enunciados é verdadeiro e o outro é falso.
  1. De acordo com a lógica simbólica, uma disjunção exclusiva (p ⊕ q) é falsa se os dois enunciados, p e q, são falsos.

Exemplos de raciocínio dedutivo

  1. Todos os mamíferos cuidam de suas crias (premissa 1), o cachorro é um mamífero (premissa 2); portanto, o cachorro cuida de suas crias (conclusão).
  1. Todos os filósofos estudam a existência (premissa 1), Aristóteles foi um filósofo (premissa 2); portanto, Aristóteles estudou a existência (conclusão).
  1. Todas as pinturas de Van Gogh são excelentes (premissa 1), Os girassóis é uma pintura de Van Gogh (premissa 2); portanto, Os girassóis é uma pintura excelente (conclusão).
  1. Nos dias ensolarados a roupa seca mais rápido (premissa 1), hoje está ensolarado (premissa 2); portanto, a roupa secará mais rápido (conclusão).
  1. Os planetas gasosos têm atmosferas muito densas (premissa 1), Júpiter é um planeta gasoso (premissa 2); portanto, a atmosfera de Júpiter é muito densa (conclusão).
  1. Os felinos possuem uma audição aguda (premissa 1), o leão é um felino (premissa 2); portanto, o leão possui uma audição aguda (conclusão).
  1. Todos os produtos desta loja são de boa qualidade (premissa 1), este sofá é desta loja (premissa 2); portanto, este sofá é de boa qualidade (conclusão).
  1. As estrelas estão constantemente em combustão (premissa 1), o sol é uma estrela (premissa 2); portanto, o sol está constantemente em combustão (conclusão).
  1. As escalas de intervalo têm zeros relativos (premissa 1), o sistema de graus Celsius é uma escala de intervalo (premissa 2); portanto, o sistema de graus Celsius tem zero relativo (conclusão).
  1. As florestas temperadas têm uma precipitação média que varia entre 600 mm e 1200 mm (premissa 1), as florestas do Canadá são temperadas (premissa 2), portanto, as florestas do Canadá têm uma precipitação média que varia entre 600 mm e 1200 mm (conclusão).

Exemplos de raciocínio indutivo

  1. Os planetas têm massa e têm força gravitacional (premissa 1), os satélites têm massa e têm força gravitacional (premissa 2); portanto, todos os corpos do espaço que têm massa, têm força gravitacional (conclusão).
  1. A biologia é uma ciência fatual e utiliza o método científico para corroborar suas hipóteses (premissa 1), a química é uma ciência fatual e utiliza o método científico para corroborar suas hipóteses (premissa 2), a astronomia é uma ciência fatual e utiliza o método científico para corroborar as suas hipóteses (premissa 3); portanto, as ciências fatuais utilizam o método científico para corroborar as suas hipóteses (conclusão).
  1. Paulo corre muito rápido e joga bem futebol (premissa 1), Renata corre muito rápido e joga bem futebol (premissa 2), Gabriela corre muito rápido e joga bem futebol (premissa 3); portanto, todas as pessoas que correm muito rápido jogam bem futebol (conclusão).
  1. Minha casa tem pisos de mármore e está sempre fresca (premissa 1), a casa do meu vizinho tem pisos de mármore e está sempre fresca (premissa 2); portanto, as casas que têm pisos de mármore estão sempre frescas (conclusão).
  1. Madri é uma cidade grande e tem muitos museus (premissa 1), Londres é uma cidade muito grande e tem muitos museus (premissa 2); portanto, nas cidades muito grandes há muitos museus (conclusão).
  1. O pinheiro é uma árvore e tem folhas verdes (premissa 1), o cipreste é uma árvore e tem folhas verdes (premissa 2), a alfarrobeira é uma árvore e tem folhas verdes (premissa 3); portanto, muitas árvores têm folhas verdes (conclusão).
  1. O espinafre é um vegetal verde e tem muito ácido fólico (premissa 1), a rúcula é um vegetal verde e tem muito ácido fólico (premissa 2), a folha de beterraba é um vegetal verde e tem muito ácido fólico (premissa 3); portanto, os legumes verdes têm muito ácido fólico (conclusão).
  1. O chá preto ajuda na digestão (premissa 1), o chá de boldo ajuda na digestão (premissa 2), o chá de maçanilha ajuda na digestão (premissa 3); portanto, os chás ajudam na digestão (conclusão).
  1. Nas praias do Brasil a maré baixa a cada 12 horas (premissa 1), nas praias da Itália a maré baixa a cada 12 horas (premissa 2), nas praias da Tailândia a maré baixa a cada 12 horas (premissa 3); portanto, em todas as praias a maré baixa a cada 12 horas (conclusão).

Lógica na vida cotidiana

Na vida cotidiana, a lógica é usada constantemente, porque os discursos escritos ou orais (como conversas, reportagens jornalísticas, explicações ou ensaios) costumam incluir argumentos para sustentar ideias ou opiniões.

Além disso, em diferentes contextos da cotidianidade, os enunciados cuja conexão de ideias pareça lógica e válida têm maior aceitação que aqueles que são incoerentes e que estão mal fundamentados.

De qualquer modo, a lógica na vida cotidiana costuma estar associada ao uso do senso comum, já que este é o que nos é “lógico” ou “razoável”.

O termo “lógica” também é usado para fazer referência aos modos de agir ou de pensar que são mais valorizados numa sociedade. Este tipo de lógica é usado pelas pessoas para guiar o seu comportamento.

Exemplos de lógica na vida cotidiana

  1. Se chove e faz frio, é conveniente sair com guarda-chuva; caso contrário, e como se viu acontecer nesses casos, uma pessoa pode contrair alguma doença.
  1. É sempre conveniente consultar um médico antes de tomar um medicamento; caso contrário, um paciente pode piorar o seu estado de saúde.
  1. É sempre preferível tomar o caminho mais curto para ir a um lugar, porque vai demorar menos tempo para chegar.
  1. Todos os alimentos nesta loja são mais saudáveis, porque eles têm um certificado que garante que são orgânicos.
  1. É mais fácil aprender uma segunda língua que seja semelhante à língua materna do que aprender uma muito diferente.

Referências

  • Gamut, L. T. F., & Durán, C. (2002). Introducción a la lógica. Buenos Aires, Argentina: Eudeba

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Como citar?

As citações ou referências aos nossos artigos podem ser usadas de forma livre para pesquisas. Para citarnos, sugerimos utilizar as normas da ABNT NBR 14724:

ESPÍNOLA, Juan Pablo Segundo. Lógica. Enciclopédia de Exemplos, 2023. Disponível em: https://www.ejemplos.co/br/logica/. Acesso em: 26 abril, 2024.

Sobre o autor

Autor: Juan Pablo Segundo Espínola

Licenciatura em Filosofia (Universidad de Buenos Aires)

Traduzido por: Cristina Zambra

Licenciada em Letras: Português e Literaturas da Língua Portuguesa (UNIJUÍ).

Data de publicação: 29 junho, 2023
Última edição: 24 abril, 2024

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