Exemplos de
Pensamento filosófico

O pensamento filosófico é o pensamento que surge em decorrência da filosofia. Isto significa que este tipo de pensamento pressupõe que a filosofia é uma prática, e como qualquer prática, gera um resultado, que é o pensamento.

Foram os gregos antigos que iniciaram o pensamento filosófico no Ocidente. De fato, o termo “filosofia” é de origem grega e pode ser traduzido como “amor à sabedoria” (phylos, “amor”, e sophos, “sabedoria”). Os grandes filósofos gregos da tradição socrática, Platão (427-347 a.C.) e Aristóteles (384-322 a.C.) afirmavam que o início do pensamento filosófico foi o assombro: a atitude de assombro dos seres humanos diante da complexidade do mundo ao seu redor e o desejo de conhecê-lo, compreendê-lo e explicá-lo usando a razão (e não a fé).

No entanto, não são apenas o assombro e o desejo de saber que impulsionam o pensamento filosófico. Muitas vezes, o pensamento filosófico ocorre como resultado de exercícios de pensamento crítico ou até mesmo em situações em que o contexto social, cultural e político convida à reflexão. Seja em tempos de paz, prosperidade, guerra ou crise, o pensamento filosófico surge em todas as suas formas, em todas as épocas às quais os seres humanos estão expostos, século após século, dia após dia.

Exemplos de pensamento filosófico

Grandes obras e tradições filosóficas ao longo da história contribuíram para a construção do pensamento filosófico. Entre elas destacam-se:

  1. A tradição socrática da Grécia Antiga. Inaugurada por Sócrates e continuada por seus discípulos, é uma das tradições filosóficas centrais na história do Ocidente.
  2. O pensamento platônico. Inaugurado por Platão, um discípulo de Sócrates, tomou forma com o passar do tempo até se cristalizar na fundação da Academia em Atenas. Sua influência se estendeu até a Idade Média, onde ressurgiu como neoplatonismo. Ainda hoje, o pensamento platônico é estudado e discutido.
  3. O pensamento aristotélico. Inaugurado por Aristóteles, um discípulo de Platão, o pensamento aristotélico era crítico em relação ao pensamento platônico e sistematizou grande parte dos estudos filosóficos. Foi retomado por Tomás de Aquino durante a época da escolástica.
  4. A antiga filosofia chinesa. É uma das mais antigas tradições de pensamento filosófico do mundo (cujo início remonta ao século XIII a.C.), que teve seu momento de esplendor durante sua época clássica, por volta de 500 a.C. Naquela época, suas principais escolas proliferaram: o ruísmo ou confucionismo (fundado por Confúcio); o taoísmo (fundado por Lao-Tse e compilado em seu livro Dao De Jing); o moísmo (fundado por Mozi); o legalismo (fundado pelo administrador e filósofo Shen Buhai); e, finalmente, a chamada Escola dos Nomes (que surgiu durante o Período dos Reinos Combatentes).
  5. As escolas filosóficas da Índia Antiga. É uma tradição que engloba o conjunto de filosofias e visões de mundo originárias da Índia Antiga, caracterizada por um forte componente místico e religioso. Seus seis principais sistemas ortodoxos de pensamento foram o Samkhya (“a enumeração”), fundado pelo sábio Kapila; o Yoga, cujos textos principais são os Yoga Sutras de Patanjali; o Nyaya (“a regra” ou “o método”), baseado nos Nyaya Sutras; o Vaisheshika, fundado pelo filósofo Kanada; o Mimamsa, criado pelo rishi Yamini; e o Vedanta (“fim dos Vedas”). A maioria dessas escolas surgiu antes ou no início do Império Gupta (320 d.C.).
  1. A tradição filosófica judaica. É uma tradição filosófica hebraica, intimamente ligada às suas formas de misticismo e religiosidade, surgiu na Antiguidade Clássica, na época do Império Romano, e continuou a ser cultivada ao longo da Idade Média. A princípio consistia em comentários e leituras do Talmud e da Cabala, mas depois produziu um pensamento filosófico secular durante o chamado Iluminismo Judaico ou Haskalá (séculos XVIII e XIX). Seus principais pensadores foram Fílon de Alexandria, Nachmânides (Ramban), Maimônides e Ibn Gabirol.
  2. A filosofia cristã. Ainda que seja herdeira do pensamento grego, é uma tradição profundamente religiosa, típica do pensamento medieval europeu após a queda do Império Romano e a evangelização dos reinos posteriores. Por esse motivo, possui muitos detratores e, por vezes, gerou polêmica, contudo, é inegável a importância do legado de diferentes pensadores cristãos na formação do pensamento ocidental moderno. Entre eles estão os padres da Igreja, como Agostinho de Hipona, São Justino e Orígenes, escolásticos medievais, como Santo Anselmo, Hugo de São Vítor e São Tomás de Aquino, e pensadores reformistas, como Francisco de Vitória e Juan Luís Vives, nos séculos XV e XVI.
  3. O humanismo renascentista. Esta tradição do pensamento ocidental surgiu durante o século XV e o Renascimento europeu, e teve como berço as cidades italianas de Florença, Roma e Veneza. Foi um retorno à antiga tradição clássica, após o fim da Idade Média cristã, e consistia na exaltação da razão humana e do papel do ser humano na criação. Seus principais expoentes foram Francesco Petrarca, Dante Alighieri, Giovanni Boccaccio, Antonio de Nebrija, Thomas More, Erasmo de Roterdã e Michel de Montaigne.
  4. O kantianismo e os neokantianos. O pensamento inaugurado por Immanuel Kant e sua Crítica da Razão Pura causou um impacto revolucionário na esfera filosófica europeia semelhante à virada copernicana no campo da ciência. A simples ideia de unir racionalismo e empirismo foi um ponto de partida para pensar em novas perspectivas quanto ao conhecimento e ao trabalho conjunto da razão e da sensibilidade, bem como a codeterminação do sujeito e do objeto.

Referências

  • Marías, J., Zubiri, X., & y Gasset, J. O. (1941). Historia de la filosofía (No. B94. M37 1974.). Madrid: Revista de occidente.
  • Reale, G., & Antiseri, D. (2007). Historia de la filosofía. Editorial San Pablo.
  • Hegel, G. W. F., & Terrón, E. (1971). Introducción a la historia de la filosofía. Aguilar.
  • Deleuze, G., Guattari, F., & Kauf, T. (2001). ¿Qué es la filosofía?. Barcelona: Anagrama.
  • Lyotard, J. F., & Veiga, J. M. (1989). Por qué filosofar?: cuatro conferencias. Paidós.
  • Griego, D. M. (1967). Griego clásico-español. Vox
  • Heidegger, M. (2013). ¿Qué es la filosofía?. Herder Editorial.

Como citar?

As citações ou referências aos nossos artigos podem ser usadas de forma livre para pesquisas. Para citarnos, sugerimos utilizar as normas da ABNT NBR 14724:

ESPÍNOLA, Juan Pablo Segundo. Pensamento filosófico. Enciclopédia de Exemplos, 2024. Disponível em: https://www.ejemplos.co/br/pensamento-filosofico/. Acesso em: 26 abril, 2024.

Sobre o autor

Autor: Juan Pablo Segundo Espínola

Licenciatura em Filosofia (Universidad de Buenos Aires)

Traduzido por: Márcia Killmann

Licenciatura em letras (UNISINOS, Brasil), Doutorado em Letras (Universidad Nacional del Sur).

Data de publicação: 8 abril, 2024
Última edição: 12 abril, 2024

Esta informação foi útil para você?

Não

    Genial! Obrigado por nos visitar :)