10 Exemplos de
Mitos fundacionais

Os mitos fundacionais são aqueles que narram a origem de cidades, sociedades, ritos e costumes. Por exemplo: O mito que narra a fundação de Roma.

Os mitos são narrativas transmitidas oralmente que incluem eventos sobrenaturais e são tidos como verdadeiros por determinadas civilizações ou religiões, pois surgiram para responder a diferentes indagações.

De acordo com o fenômeno que explicam, os mitos podem ser cosmogônicos (narram a criação do mundo), teogônicos (narram a origem dos seres humanos), etiológicos (narram a origem de outros seres e fenômenos), fundacionais (narram a fundação de lugares) ou escatológicos (descrevem como será o fim do mundo).

Os mitos fundacionais explicam a origem e a existência de cidades, povos, tradições e rituais, ou seja, narrativas que dão sentido à identidade e a determinadas práticas de diferentes civilizações.

Além disso, em muitos casos, estes mitos serviram para sustentar que uma civilização tinha origem divina porque o fundador de uma cidade ou o iniciador de um ritual era um deus ou um ser humano ligado a um deus.

Características dos mitos de fundação

  • Local. Embora muitos mitos ocorram em lugares desconhecidos ou fictícios, como o Olimpo, a maioria dos mitos fundadores ocorre no local onde uma civilização se desenvolveu. Por exemplo: Roma, Cusco.
  • Tempo. Os eventos podem ocorrer antes do surgimento das pessoas ou quando elas já existiam, mas quase nunca são ambientados em um período histórico. Há algumas exceções, como a fundação de Roma, que supostamente ocorreu em 753 a.C.
  • Personagens. Podem ser deuses, semideuses, pessoas ou seres sobrenaturais. Normalmente, a personagem principal é um herói e é o fundador de uma cidade ou o criador de uma tradição.
  • Origem. São narrativas anônimas, transmitidas de geração em geração, que foram modificadas a tal ponto que podem ter versões muito diferentes.
  • Temas. Os temas centrais são a origem de cidades, vilarejos, rituais e costumes.
  • Cosmovisão. Fornecem informações fundamentais sobre como as pessoas de determinadas civilizações entendem ou compreendem o mundo e seu funcionamento.
  • Finalidade. O objetivo era destacar a origem divina de uma civilização ou ritual. Além disso, em alguns casos, estes mitos eram usados para justificar a presença de um povo em um determinado lugar.
  • Narrativa. A história dos mitos nem sempre aparece por completo nos textos, e as narrativas nem sempre são lógicas ou coerentes, pois geralmente eram histórias transmitidas oralmente.

Exemplos de mitos fundacionais

  1. A origem de Roma (mito romano)

De acordo com este mito, foi Rômulo quem fundou a cidade de Roma. A história começa pouco antes da fundação da cidade, Numitor era rei de Alba Longa, mas foi destronado por seu irmão, Amúlio. Reia Sílvia, filha de Numitor e descendente de Enéias (um herói troiano), teve dois filhos, Rômulo e Remo, com Marte, o deus da guerra.

Como Rhea Sílvia tinha medo de que seu tio matasse os gêmeos, ela os colocou em uma cesta que deixou em um rio para protegê-los. Uma loba os encontrou e os criou como seus próprios filhos. Com o tempo, os irmãos foram encontrados por dois camponeses que cuidaram deles. Um dia, os gêmeos descobriram sua história e foram a Alba Longa para matar Amúlio e devolver o trono a Numitor.

O avô deles ficou muito grato pelo feito dos gêmeos e lhes deu terras em Lácio. Os gêmeos queriam fundar uma cidade no local onde a loba os havia encontrado, mas Rômulo queria construir a cidade no Monte Palatino e Remo no Aventino. Para resolver essa disputa, decidiram que aquele que visse mais aves tomaria a decisão; Rômulo viu mais, então foi ele quem venceu o desafio e, portanto, também foi designado rei.

Seguindo um antigo ritual, Rômulo marcou os limites da cidade e disse que mataria qualquer um que os cruzasse. Remo desobedeceu, cruzou a linha e Rômulo o matou porque estas linhas eram sagradas. Rômulo enterrou seu irmão e batizou a cidade de Roma em homenagem a ele.

Este mito explica a origem de Roma e também conecta a origem romana com o povo troiano, já que os gêmeos eram supostamente descendentes de Eneias, e com os deuses, já que os gêmeos eram filhos de Marte.

  1. A origem de Atenas (mito grego)

O nome da cidade é uma homenagem à deusa Atena. De acordo com este mito, a origem desta cidade começou com uma disputa entre Poseidon, o deus dos mares, e Atena, deusa da guerra, da civilização, da justiça e da ciência, pois ambos os deuses queriam ser os guardiões da cidade.

Para resolver a disputa, cada deus deu um presente aos habitantes; Poseidon lhes deu uma fonte e Atena criou uma oliveira. Cécrope, o rei dos aldeões, decidiu que o presente de Atena era o melhor e, por isso, ela se tornou a protetora da cidade, que recebeu seu nome em sua homenagem.

Porém, Poseidon ficou muito irritado e, para apaziguá-lo, Cécrope determinou que as mulheres atenienses não teriam os mesmos direitos que os homens.

  1. A origem de Tebas (mito grego)

De acordo com esse mito, Cadmo, filho do rei da Fenícia, recebeu um oráculo que dizia que deveria fundar uma cidade no local onde uma vaca caiu. O animal caiu no local que mais tarde se tornou Tebas e Cadmo fundou a cidade.

Em seguida, Cadmo matou um dragão e Atena, a deusa, disse-lhe que ele deveria enterrar os dentes do dragão na terra da cidade recém-fundada. Destes dentes saíram os primeiros habitantes da cidade, que ajudaram a construí-la e protegê-la.

Este mito explica a origem divina de Tebas porque, por meio do oráculo, os deuses explicaram a Cadmo onde deveria construir uma cidade. Além disso, os primeiros colonizadores também tinham uma origem divina.

  1. Fundação de Tenochtitlan (mito asteca)

De acordo com este mito, havia um povo, os nahua, que vieram de Aztlan. Huitzilopochtli, o rei dos deuses, ordenou que os nahuas abandonassem aquela cidade e, a partir de então, não seriam mais astecas, mas mexicas. Além disso, ordenou que fundassem um reino em um lugar onde havia uma águia comendo uma cobra em um cacto nopal.

Os mexicas caminharam e caminharam para encontrar o lugar, passaram por outras aldeias, até que finalmente encontraram o lugar indicado pelo deus e fundaram a cidade.

  1. Fundação de Cusco – Manco Capac e Mama Ocllo (mito inca)

De acordo com este mito, Inti, o Deus Sol, enviou dois de seus filhos, Manco Capac e Mama Ocllo, à terra para fundar uma cidade. Os deuses chegaram ao Lago Titicaca com um bastão de ouro que seria usado para determinar onde deveriam fundar a cidade, pois o bastão só seria enterrado no local designado.

Os dois irmãos caminharam e caminharam, testando se o bastão se enterraria sozinho. Finalmente, foi em Cusco que a vara indicou que deveriam estabelecer as cidades.

Depois, Manco Capac e Mama Ocllo foram procurar pessoas para morar lá e transmitir a elas todo o conhecimento e as tradições.

Todos os povoadores trazidos por Manco Capac eram cidadãos de primeira ordem, porque ele era o deus primogênito, e todos os povoadores trazidos por Mama Ocllo eram cidadãos de segunda ordem.

  1. Fundação de Cusco – Os irmãos Ayar (mito inca)

De acordo com esse mito, após um grande dilúvio na Terra, quatro irmãos apareceram em uma caverna com suas esposas: Ayar Manco e Mama Ocllo, Ayar Cachi e Mama Cora, Ayar Uchu e Mama Rahua e Ayar Auca e Mama Huaco. Eles estavam em busca de terras férteis.

Ayar Cachi tinha uma funda de ouro e, com ela, transformou uma montanha em uma ravina. Seus irmãos desconfiavam dele porque era muito forte e o trancaram na caverna.

Os três irmãos e suas esposas continuaram procurando terras férteis e, um dia, passaram por uma aldeia onde havia uma estátua de pedra a qual não deram muita importância, mas quando Ayar Auca passou perto dela, ela se transformou em pedra.

Os dois irmãos restantes e suas esposas continuaram sua busca, mas Ayar Uchu ganhou asas e tornou-se o mensageiro dos deuses e dos homens.

Apenas restou Ayar Manco, a quem Ayar Uchu disse que os deuses haviam lhe dito que ele deveria mudar seu nome para Manco Capac.

Manco Capac seguiu seu caminho com sua esposa e as esposas de seus irmãos, até chegarem ao vale de Cusco. Ele percebeu que aquele era o local onde deveria fundar a cidade, pois era o único lugar onde poderia enterrar o bastão de ouro que havia guardado por anos.

  1. Fundação de Niceia (mito grego)

Niceia era uma ninfa das fontes e filha de Sangário, um deus do rio, e de Cibele, deusa da terra, dos animais e da natureza. Esta deusa gostava de caçar e detestava o amor, por isso, quando um pastor se apaixonou por ela, ela o matou.

Eros, o deus do amor, ficou furioso com a ninfa e, como punição, fez com que Dionísio se apaixonasse por ela. Niceia sempre fugia dele, mas Dionísio era muito insistente. Finalmente, a ninfa concordou com os pedidos de Dionísio e eles tiveram dois filhos.

Em homenagem à sua amada, Dionísio fundou uma cidade, que recebeu o nome da ninfa.

  1. A Eucaristia (mito cristão)

O mito deu origem a um ritual que ocorre na missa, uma cerimônia católica. A Eucaristia é o ritual no qual as pessoas comem uma hóstia mergulhada em vinho. A hóstia representa o corpo de Jesus e o vinho representa seu sangue.

Com este ritual, se comemora o mito da Última Ceia, quando Jesus compartilhou o pão e o vinho com seus doze apóstolos. Além disso, no Evangelho de João, é feita referência ao pedido de Jesus para que seus seguidores realizassem este ritual, pois qualquer pessoa que comesse aquele pão e bebesse aquele vinho seria ressuscitada no céu.

  1. Origem do jogo de bola (mito maia)

Este jogo não era considerado uma atividade esportiva pelos maias, mas um ritual no qual a guerra, a fertilidade, a vida, a morte e a passagem para o submundo eram representadas.

De acordo com o mito, dois deuses que eram irmãos, Ixbalanqué e Hunahpú, queriam vingar a morte de seu pai, que havia sido morto pelos habitantes do submundo.

Os senhores do submundo desafiaram os irmãos a jogar uma partida de bola, os irmãos concordaram e partiram para o submundo. Mas alguns morcegos atacaram os irmãos, pegaram a cabeça de Hunahpú e a levaram para os senhores do submundo. Ixbalanqué colocou uma abóbora no corpo de seu irmão para substituir sua cabeça até que ele pudesse recuperar a verdadeira.

Ixbalanqué e Hunahpú chegaram ao submundo e começaram a jogar contra os senhores do submundo usando a cabeça de Hunahpú como bola. Mas, sem que os outros soubessem, Ixbalanqué pegou a cabeça de seu irmão, substituiu-a pela abóbora e Hunahpú recuperou sua cabeça. O jogo continuou, a abóbora foi quebrada e os gêmeos conseguiram vencer o jogo.

Os senhores ficaram muito zangados e atacaram os irmãos, mas eles conseguiram derrotar os habitantes do submundo. Após essa vitória, Ixbalanqué e Hunahpú ascenderam ao céu e se transformaram no sol e na lua.

  1. Origem do batismo (mito cristão)

O batismo é um ritual cristão que consiste na imersão ou aspersão de uma pessoa com água benta. O objetivo deste ritual é purificar e converter a pessoa que está sendo batizada ao cristianismo.

Apesar de o batismo ser um ritual em muitas religiões, na religião cristã este ritual teve origem no mito do batismo de Jesus por João Batista. Após este evento, Jesus instruiu seus discípulos a serem batizados para purificação. No Novo Testamento, outros batismos também são narrados, como o de Cornélio, o Centurião, que era um centurião romano e queria ser batizado para adotar a fé cristã.

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Giani, Carla. Mitos fundacionais. Enciclopédia de Exemplos, 2025. Disponível em: https://www.ejemplos.co/br/mitos-fundacionais/. Acesso em: 6 de fevereiro de 2025.

Sobre o autor

Autor: Carla Giani

Formação Superior em Letras (Universidad de Buenos Aires).

Traduzido por: Márcia Killmann

Licenciatura em letras (UNISINOS, Brasil), Doutorado em Letras (Universidad Nacional del Sur).

Data de publicação: 23 de janeiro de 2025
Última edição: 31 de janeiro de 2025

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