10 Exemplos de
Lendas antigas

As lendas antigas são relatos que transmitem histórias com certas características e que se originaram há vários séculos. Este tipo de narrativa tem uma origem incerta, porque não tem um autor e porque foram transmitidas de geração em geração e oralmente.

Este tipo de lenda era usada para explicar certos fenômenos ou eventos reais, mas sempre tinha elementos fantásticos, que poderiam ser interpretados como verdade.

As antigas lendas mostram a cosmovisão, ou seja, a forma de interpretar o mundo de uma determinada comunidade, porque em muitos casos surgiram com a finalidade de transmitir crenças, ensinamentos morais ou sentimentos de identidade ou pertença.

Características das lendas antigas

  • Tempo. As lendas antigas narram acontecimentos, que podem ser reais ou fictícios, em um tempo histórico e real, mas muito distante.
  • Espaço. O lugar dos fatos narrados quase sempre é mencionado e existe ou existia na realidade.
  • Personagens. São pessoas, muitas delas são heróis ou heroínas, mas também podem haver seres fantásticos ou animais. Geralmente, há um herói ou heroína que é o centro da lenda antiga porque é contado como um personagem atinge determinados objetivos.
  • Finalidade. Estas lendas eram usadas para transmitir moral, para explicar fatos ou fenômenos que não tinham uma explicação científica e para explicar a origem de certos acontecimentos ou costumes.
  • Versões. Por serem tão antigas, estas lendas têm muitas versões que podem diferir entre si quanto aos fatos, personagens, entre outros.

Exemplos de lendas antigas

  1. Lenda do Rei Arthur

Esta lenda medieval da Inglaterra narra a vida e as diversas façanhas do Rei Arthur, embora não se saiba com certeza se este rei realmente existiu. Uma das muitas lendas que se relacionam com o suposto rei da Grã-Bretanha é a que tem a ver com a espada na rocha. De acordo com o relato, esta espada estava enterrada até a metade em um bloco de mármore e aquele que conseguisse tirá-la se tornaria rei da Grã-Bretanha. Depois de muitos homens tentarem, Arthur foi o único que conseguiu tirar a espada do mármore e se tornou rei. Este último fato é um dos muitos elementos fantásticos que há nas lendas arturianas.

Esta lenda aparece em textos medievais, como poesias, cânticos e contos épicos, da literatura inglesa, francesa e galesa. A história de Arthur foi retomada como material para produzir diferentes textos literários nos séculos XIX e XX e filmes no século XX. Estas narrativas têm elementos semelhantes, mas também têm grandes diferenças quanto a personagens e façanhas.

  1. Lendas em relação a El Cid

Rodrigo Díaz de Vivar, El Cid, foi um homem que existiu no século XI e foi um cavaleiro espanhol, que teve um papel fundamental na conquista de Valência. Embora existam fontes históricas que narram os eventos em que este cavalheiro participou, também começaram a surgir lendas que foram transmitidas oralmente e que modificaram alguns fatos para adaptá-los a uma cosmovisão cristã e espanhola e canonizar o Cid como herói. Por exemplo, quando se narra as batalhas em que participou o Cid, busca-se fazer ver o personagem como um homem que tinha mais coragem, honra e força do que qualquer outro.

Estas lendas aparecem em diferentes textos literários, mas o mais importante é O Cantar de Mio Cid, uma das obras mais famosas da literatura espanhola.

  1. A lenda de Tristão e Isolda

Esta lenda conta a história de amor entre Tristão e Isolda, dois personagens que não existiram, mas que supostamente viveram na Irlanda. O elemento fantástico que tem esta história é que os dois personagens tomaram uma poção mágica que os fez se apaixonar e que lhes permitiria se encontrar mesmo após a morte.

Por ser uma lenda, originou-se oralmente e isso deu origem a várias versões na literatura. Esta narrativa é encontrada em textos medievais franceses, alemães, ingleses e noruegueses e foi retomada no Renascimento, no Romantismo e em movimentos posteriores para produzir obras na literatura, teatro, pintura e música.

  1. Lenda dos vulcões

Esta é uma lenda mexicana que conta a história da ascensão dos vulcões Popocatépetl e Iztaccíhuatl, que se encontram no Vale do México, ou seja, que os acontecimentos narrados se desenrolam em um lugar real.

Esta é uma lenda de amor que tem dois personagens, Popocatépetl, um guerreiro, e Iztaccíhuatl, uma princesa, que estavam apaixonados. O guerreiro foi para uma batalha e supostamente morreu, o que fez a princesa morrer de tristeza. Mas o guerreiro voltou e, depois de ver que sua amada havia falecido, levou seu corpo para o que hoje é o Vale do México e se transformou em um vulcão. Depois ele também se transformou em um vulcão.

Esta lenda é de origem mexicana, tem muitas variações e aparece em muitas produções mexicanas posteriores.

  1. Lenda de Dietrich von Bern (Teodorico de Verona)

As lendas de Dietrich von Bern contam histórias sobre um rei que realmente existiu, Teodorico, o Grande, e que foi rei do reino ostrogodo da Itália entre 493 e 526. Mas nestas histórias aparecem elementos fantásticos, que são próprios das lendas, como as lutas que este personagem teve com dragões e gigantes. Estas batalhas e outros eventos imaginários têm a função de fazer com que um homem comum, embora muito poderoso, se canonize como herói.

Estas lendas têm muitas variações e aparecem na Idade Média em poemas e cânticos alemães e saxões.

  1. Lenda de Siegfried

A lenda de Siegfried pertence a um conjunto de lendas que aparecem tanto na tradição germânica como na nórdica. Não se sabe ao certo, mas acredita-se que este personagem é inspirado em personagens reais, como o rei da Austrásia que viveu no século VI.

Nesta lenda, narra-se a vida de Siegfried e elementos fantásticos aparecem, por exemplo, conta-se que Siegfried matou um dragão e depois se banhou no seu sangue para se tornar imortal. A história deste personagem é de tradição oral, mas aparece em diferentes textos literários medievais, os dois mais importantes são A canção dos Nibelungos e A Saga dos Volsungos.

  1. Lenda de Hua Mulan

Esta é uma lenda chinesa que conta a história de Hua Mulan, uma mulher que se vestiu como homem para substituir seu pai no exército e que foi uma grande guerreira.

Embora os textos escritos se referem a diferentes momentos históricos em que esta história pode ter se desenvolvido, não há um consenso sobre quando supostamente ocorreu. A primeira versão escrita desta lenda é do século VI, mas depois foram feitas outras versões que diferem entre si.

  1. Lenda da rainha Alamelamma

Esta lenda de origem indiana narra a maldição de Alamelamma que supostamente ocorreu no início do século XVII em Srirangapatna. Alamelamma, esposa do rei Tirumalá, ao saber que seu marido tinha sido traído e assassinado, lançou uma maldição sobre os responsáveis por sua morte, que teve como consequência uma tempestade de areia que fez desaparecer os templos onde estavam os traidores e que o rei usurpador nunca pôde ter descendentes homens.

Embora essa lenda contenha elementos fantásticos, é usada para explicar o desaparecimento de templos que realmente existiram.

  1. Lenda de Dazaifu Tenman-gū

Dazaifu Tenman-gū é um templo que está situado no Japão e foi construído sobre o túmulo de Michizane. Sugawara no Michizane foi um homem que realmente existiu no século IX neste país e que posteriormente se tornou um deus.

A lenda sobre o templo e o personagem não aconteceu quando ele estava vivo, mas depois de sua morte. O clã Fujiwara enviou Michizane para o exílio, que morreu e foi enterrado em uma estrada, onde construíram um santuário, que se transformou no templo Dazaifu Tenman-gū.

Segundo a lenda, após sua morte, alguns membros deste clã morreram, houve inundações, pragas e secas e acreditava-se que estes fatos foram provocados pelo espírito de Michizane como vingança. Por causa destes acontecimentos, a família real decidiu que reconheceriam o posto de Michizane para acalmar seu espírito e assim evitar outras tragédias.

  1. Vitória de Tivoli

Vitória era uma mulher que realmente existiu no século III e viveu em Roma. De acordo com esta narrativa, ela estava noiva de um romano, Eugene. Mas não queria se casar porque queria consagrar sua vida a Deus.

Depois de querer romper o noivado com Eugene, ele a denunciou por ser cristã e Vitória foi assassinada. O fato fantástico acontece depois que ela morreu: Eugene contraiu lepra e morreu seis dias depois por causa desta doença e porque os vermes o devoraram.

Como todas as lendas, há várias versões. Hoje, Vitória é considerada santa na religião católica.

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Giani, Carla. Lendas antigas. Enciclopédia de Exemplos, 2024. Disponível em: https://www.ejemplos.co/br/lendas-antigas/. Acesso em: 26 de novembro de 2024.

Sobre o autor

Autor: Carla Giani

Formação Superior em Letras (Universidad de Buenos Aires).

Traduzido por: Cristina Zambra

Licenciada em Letras: Português e Literaturas da Língua Portuguesa (UNIJUÍ).

Data de publicação: 20 de novembro de 2024
Última edição: 20 de novembro de 2024

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